Henrique Rocha dá rosto ao cartaz da oitava edição do Maia Open e é um dos candidatos ao título – quarto cabeça de série – neste ATP Challenger 100, promovido pela Federação Portuguesa de Ténis. Se para a maioria dos jogadores este torneio coincide com o final da temporada, para o 153.º mundial é uma espécie de início da próxima, pois chega à casa em que se formou descansado e com o título do Challenger de Matuyama a brilhar no currículo desde há duas semanas.
“Sinto-me muito bem, fresco. Depois do Japão, tirei uns dias de férias. Aqui é uma espécie de início de temporada. Na Maia, estou em casa e consigo desfrutar muito por jogar num clube onde cresci e joguei tanto tempo. Já treinei uma semana, estou muito leve e o facto de poder dormir em casa, ajuda-me imenso a conseguir jogar melhor”, explicou o tenista que integra a equipa do Centro de Alto Rendimento da FPT, reforçando: “Aqui desfruto muito mais, porque toda a gente fala português, por ter os meus amigos perto de mim. Tudo isto traz-me boas sensações que ajudam a melhorar o meu ténis também”, sustentou.
Com “as baterias positivas” todas carregadas, o portuense, de 21 anos, tem encontro marcado com o compatriota Gastão Elias que, esta segunda-feira, completa 35 anos. “Tem um palmarés incrível e invejável. já o defrontei este ano numa batalha incrível. Espero que estejamos os dois com a mesma energia, com o mesmo fair-play e que, acima de tudo, seja um grande encontro de ténis, porque acho que é isto que nos faz crescer. Espero que caia para o meu lado, naturalmente, mas fazer bom encontro e divertir-me dentro do campo é tudo o que quero”, sublinhou Henrique Rocha sobre o terceiro duelo – ganhou um, perdeu o último no Jamor – com o antigo 57.º mundial que é o recordista nacional de títulos de nível challenger (10) e de finais disputadas na categoria (23).
Rocha teve de esperar quase 20 meses para voltar a erguer um troféu, depois de Múrcia, onde se estreou como campeão do ATP Challenger Tour, em 2024, até erguer o troféu em Matsuyama, agarrando a final que deixou escapar no Lisboa Belém Open, no CIF.

“Ultrapassei umas semanas que não foram tão boas na Ásia e continuei a ser teimoso, treinando e querendo melhorar. Não estava à espera de conquistar o título, mas sentia-me a melhorar de nível cada vez mais. A vitória aconteceu e foi a cereja no topo do bolo. O nível estava lá, às vezes é só saber esperar um bocadinho, ser paciente e os sucessos estão ali ao virar da esquina. É preciso acreditar nisso”, resumiu Henrique Rocha que, do Japão também trouxe outros ensinamentos.
“Surpreendeu-me o ramen”, disse, entre risos, sobre a sopa. “É uma cultura muito diferente da nossa, as pessoas são extremamente disciplinadas. Todas as manhãs, quando ia aquecer, via os apanha-bolas a fazerem um curso de meia-hora, ora a correr para a frente, ora para trás, todos direitinhos, todos em ordem para aperfeiçoar. Nos pequenos detalhes, nota-se essa disciplina e trouxe essa aprendizagem para o meu dia a dia”, relatou.
No Maia Open, Henrique também vai jogar o quadro de pares ao lado de Francisco Rocha, irmão mais velho com quem passou uma semana de férias na Indonésia. “Temos uma relação muito próxima, típica da cidade do Porto, pois somos muito ligados à família, aos nossos, protegemo-nos uns aos outros. Ele jogou nos Estados Unidos e viajou diretamente para o Japão para me acompanhar. Conhecemo-nos um ao outro como ninguém. Em Bali, foi uma semana bem passada, com umas turras de irmãos, mas com muitas aventuras e diversão. Aqui vamos continuar a divertirmo-nos no court”, prometeu.