Não será em sessão noturna, mas Jaime Faria vai estrear-se nos grandes palcos do Grand Slam no principal do Melbourne Park: a Rod Laver Arena, na madrugada desta quinta-feira, por volta das 3.00 horas em Portugal Continental. Do outro lado da rede já se sabe que o português terá o ídolo Novak Djokovic, recordista de dez títulos no Open da Austrália.
“É fantástico fazer parte destes grandes momentos que vemos e dos quais sempre quisemos fazer parte. Ser eu a estar lá é indescritível”, comentou Jaime.
Um encontro épico para o lisboeta de 21 anos que, vindo do qualifying, entrou a ganhar no quadro principal do primeiro dos quatro majors. E como se os feitos na jovem carreira de Faria não fossem motivo de regozijo, – em 2024 furou o top-400 e chegou a 116.º do ranking ATP -, esta semana ainda foi brindado com um encontro com o sérvio em busca do 25.º troféu do Grand Slam do currículo.
“Penso que a pancada de esquerda a resposta, é um jogador completo”, comentou Faria ao site da ATPTour.com. “Mas acho que é nos momentos mais importantes que ele coloca o foco. É diferente. É como se metesse uma mudança que o torna imbatível. Já o fez tantas vezes”, elogiou Faria.
Todavia, não foi o sérvio que mudou a vida de Jaime aos cinco anos. Curiosamente foi outra lenda da modalidade que, esta madrugada, vai estar a comentar o duelo para a ESPN: John McEnroe! A família do jovem português levou Jaime e o irmão Vicente ao Vale do Lobo Grand Champions, torneio que levou ao Algarve grandes campeões do passado, e a semente do ténis ficou a germinar.
“Eu, o meu irmão e as crianças da nossa idade tinham o kids place no recinto para brincar. Mas logo no primeiro dia dissemos que queríamos ver ténis. Portámo-nos bem e ficávamos horas a fio a ver as lendas a jogar. Foi fabuloso. Fui a duas edições e, logo no final da primeira, pedi ao meu pai para jogar ténis. E assim começou tudo”, recordou ao site da Associação dos Tenistas Profissionais.
A opção de não cruzar o Atlântico para estudar e jogar no circuito universitário americano também foi uma escolha acertada para o tenista treinado no Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis.
“Sempre tive a sensação de querer jogar ténis, mas nunca acreditei porque nunca fui o melhor da minha idade, nem o terceiro ou quarto. Só comecei a ganhar a alguns deles aos 16 anos. Mais tarde, aos 17 ou 18, comecei a receber propostas do college e ponderei, mas o Rui Machado [Diretor Técnico Nacional] disse-em para ficar. ‘Vais ser bom, acreditamos em ti, vai ser melhor para ti. Decidi ficar e foi, nesse momento, que decidi que ia ser jogador de ténis”, rematou Jaime.
Apesar de todo o burburinho em torno de Faria, há outro jogador orientado pela equipa técnica do Centro de Alto Rendimento a marcar posição no Melbourne Park: Nuno Borges que também estará em ação esta madrugada, desta feita na John Cain Arena, o terceiro estádio mais importante do Melbourne Park.
Após superar na ronda inaugural o francês Alexandre Muller (58.º) no Melbourne Park, no qual fez história pessoal e do ténis nacional chegando aos oitavos do torneio, o número um português, 33.º da hierarquia, terá de enfrentar o australiano Jordan Thompson, 27.º do ranking ATP, e o apoio do público anfitrião em prol do adversário quando, em Portugal Continental, os relógios apontarem para as duas horas da madrugada.
O melhor tenista nacional da atualidade venceu os dois embates anteriores com Thompson. Um na terra batida do Estoril Open 2021 e, um ano mais tarde na relva do Challenger de Ilkley.
