Em dia de celebrar a liberdade, Francisca Jorge ficou livre para sonhar com o maior título de singulares da carreira neste ITF W100 promovido pela Federação Portuguesa de Ténis. Certo é que abriu caminho para as meias-finais do Oeiras CETO Open, após levar a melhor sobre a russa Elena Pridankina.
Finalista no Clube Escola Ténis de Oeiras em 2023, quando o evento ainda tinha categoria W60, a número um portuguesa, 277.ª do ranking mundial, volta às meias-finais no mesmo recinto, desta feita com os parciais de 6-2 e 6-4, ao fim de 83 minutos de batalha com Pridankina, adversária que, na véspera, levara a melhor para seguir em frente rumo à mesma ronda mas do quadro de pares.
“Consegui manter-me fiel ao que tinha de fazer e com qualidade, isso ditou o resultado, sobretudo no primeiro set. No segundo, ela começou a ser mais agressiva e dei a volta por cima. Foi break atrás de break até ao 3-3, consegui fazer o meu jogo de serviço ao 4-3 e ela fez o 4-4. Depois, fomos taco a taco. Ela estava a jogar melhor, mas lutei, fui buscar o jogo com raça e fui recompensada com essa raça e querer. Acabei com bastante agressividade, estou muito contente”, analisou a vimaranense, de 25 anos, que soube aproveitar melhor os breakpoints que teve à disposição (seis em 12).
De sorriso rasgado no rosto, a tenista que integra o grupo de treino do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis aguarda pelo desfecho do embate entre a belga Greet Minnen, principal favorita e responsável pelo afastamento da irmã, Matilde, na ronda anterior, e a alemã Mona Barthel, 23.ª mundial em 2013. “Estou a sentir-me bem em campo. São ambas bastante agressivas, gostam de controlar os pontos e eu também consigo ser agressiva e vou jogar para deixá-las desconfortáveis, porque é onde ganho jogos”, comentou Francisca Jorge, que conta com seis troféus de campeã no currículo a solo, o mais expressivo conquistado deles alcançado no W75 da Guimarães natal em 2024.
Assumindo-se “mais agressiva” e “mais confiante”, a octocampeã nacional reconheceu ter passado por uma batalha interior para sair de um estado de alma menos positivo. “Tive um início de ano difícil a nível de emoções, apesar do ténis estar lá, se cabeça não estiver focada nas coisas certas e positiva, não há milagres. Não basta jogar ténis, tenho vindo a mudar esse chip, tentar ser mais eu, a Kika fora do campo, que é uma pessoa tranquila, mais alegre e já não estava a conseguir ser assim nem fora do campo, nem dentro. Isto é a minha vida, adoro o ténis e agora estou no caminho certo. Fiz por merecer isto, tenho de me agarrar a isso e amanhã [sábado] mostrar mais ténis e alcançar mais uma final e, quem sabe, o título”, vaticinou, esperançada.
Brincalhona, Francisca Jorge desdramatizou que “ajudou a maturidade em abundância que veio com os 25 anos” acabados de fazer na segunda-feira. E é esse ar de menina que deixa encantado quem com ela priva. Naturalmente, a miúda que distribuiu sorrisos, Kika também ofereceu a bola a uma menina se abeirou o court. “Ambiciono o reconhecimento, mas não a fama. Não quero aparecer em todo o lado, mas o facto de me reconhecerem diz-me muito, sou afável, cumprimento toda a gente. É sinal de que me veem e apoiam. Independente do que sou como jogadora, quero ter imagem de uma boa pessoa”, vincou, antes de se juntar à irmã Matilde Jorge para continuarem na luta pela defesa do troféu conquistado em pares, há um ano.
(Fotos: Beatriz Ruivo/FPT)
