Responsável por uma das grandes derrotas do dia, Nuno Borges, que bateu Casper Ruud, norueguês número 8 mundial e finalista em 2022 e 2023, para chegar pela primeira vez à terceira ronda em Roland Garros, não entrou em discursos de euforia.
“Lutei muito, especialmente no primeiro set. Senti que estava a ser completamente esmagado. Ele jogou a uma enorme intensidade e eu não estava a lidar da melhor forma”, declarou o maiato, 41.º mundial, em court, após os parciais de 2-6, 6-4, 6-1 e 6-0 que o tornaram o primeiro português a vencer um top-10 num Grand Slam desde que Michelle Larcher de Brito surpreendeu Maria Sharapova em Wimbledon-2013.
Ruud foi assistido ao joelho esquerdo em court no quarto set e o português reconheceu que essas debilidades tiveram o seu papel no desfecho: “Continuei a tentar e reparei que ele estava a ficar um pouco mais lento, obviamente não estava a 100% e não sei se o resultado teria sido o mesmo. Estou muito orgulhoso pela forma como lutei do princípio ao fim e como me dei uma oportunidade. Hoje tive sorte”, admitiu Borges ao microfone do antigo jogador Fabrice Santoro.
No Court Suzanne-Lenglen, o tenista de 28 anos, que integra a equipa de treino do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis, também falou da formação virada para a terra batida, na Maia, e o apreço ganho posteriormente para os pisos rápidos.
“Tem piada eu ter crescido a jogar em terra batida, na Maia, e depois passar a adorar os hardcourts mais tarde, quando estudei na Mississippi State University nos Estados Unidos [2016-2019], sinto que o meu ténis desenvolveu-se nesse sentido”, articulou o número um português que, todavia, conquistou os dois títulos ATP – Bastad, em singulares, e Estoril Open, pares – na terra batida.
“Sempre gostei também de terra batida, mas, por vezes, é um pouco mais difícil. É realmente especial estar na terceira ronda do maior torneio de terra batida do mundo”, enalteceu Nuno Borges que, gostos à parte, é um dos cinco tenistas – além do português apenas Roger Federer, Novak Djokovic, Andy Murray e Horacio Zeballos – a ter derrotado Rafael Nadal, o rei da terra batida, numa final na superfície.
Foto: FPT/Anastasia Barbosa