Neuza Silva (à esq), Matilde Jorge, Angelina Voloshchuk, Francisca Jorge e Inês Murta (Foto: ITFTennis)
Novembro 12, 2025

Seleção Nacional motivada para fazer história na BJKC

A chuva e o frio já estavam previstos antes de deixar Lisboa rumo a Hobart, mas nesta na ilha australiana da Tasmânia, onde Portugal inicia, esta sexta-feira, o play-off de acesso aos Qualifiers de 2026 da Billie Jean King Cup by Gainbridge, a Seleção Nacional feminina encontrou até granizo. Todavia, a motivação para ganhar o grupo E frente à congénere anfitriã da Austrália, com quem joga na sexta-feira – a partir das 14.00 horas australianas, mais 11 do que em Portugal Continental – e a do Brasil, com qual mede forças no dia seguinte, reina na equipa lusa que vai entrar em ação, no Domain Tennis Centre de Hobart, com um propósito: fazer história superando a que foi escrita, há 34 anos, por Sofia Prazeres, Tânia Couto e Joana Pedroso, que chegaram à fase final, em 1991, na então designada Taça Federação.

Nas contas da número um nacional, Francisca Jorge (202.ª do ranking WTA), há outro máximo em jogo: o igualar as 32 eliminatórias jogadas por Michelle Larcher de Brito na competição e mesmo, num futuro próximo, o recorde de Ana Catarina Nogueira que representou Portugal por 35 vezes. “Gostaria de igualar a Michelle. É só um número e sinto respeito enorme pelas minhas compatriotas que participaram em mais eliminatórias do que eu, mas seria engraçado ver esse recorde batido. Acho que vou consegui-lo, pois espero continuar aqui por mais anos”, vaticinou a vimaranense que representou a bandeira das Quinas por 31 vezes.

Francisca Jorge (Foto: ITFTennis)

A paixão de jogar pelo nosso País é sempre a mesma. Agora temos uma oportunidade que nunca tínhamos tido e somos merecedoras dela, fizemos por isso. Temos uma equipa forte, muito unida e ainda em desenvolvimento. Temos de aproveitar essa união e juventude. Quando jogamos por Portugal queremos ganhar mais ainda, estamos prontas para dar sangue, suor e lágrimas”, salientou a tenista de 25 anos. “Vamos dar tudo para trazer a ‘medalha’ para casa”, vincou ainda a enérgica Kika.

É com alguma ironia e a habitual boa disposição que analisa as seleções adversárias do grupo E, um dos sete cujas vencedoras garantem lugar entre os Qualifiers de 2026. “A Austrália está com medo de nós para ter batalhado tanto para ser a anfitriã. O Brasil também tem uma equipa muito forte, mas vamos fazer o nosso melhor, como sempre, e é isso que nos torna tão difíceis de defrontar. Jogamos com alma e coração pelo nosso País”, refletiu a número um lusa, com 84 encontros ganhos e 68 perdidos desde que se estreou em 2017.

“Temos uma ligação muito forte com a Neuza [Silva, selecionadora nacional] que nos transmite confiança dentro de fora do campo. Faz-nos sentir que isto é importante e vivemos isto com incrível entrega, o que nem sempre se vê nas outras equipas. Temos esta oportunidade e vamos com objetivos maiores”, apontou.

Matilde Jorge (Foto: ITFTennis)

Matilde Jorge, a irmã mais nova, jogou 19 eliminatórias desde que se estreou em 2021 na Seleção Nacional na BJKC. Na Lituânia, em abril, soube tomar as rédeas dos singulares, quando Francisca se lesionou e ficou no banco e isso trouxe benefícios à 255.ª do ranking, de 21 anos. “Não é usual jogarmos BJCK nesta altura do ano, mas é por uma boa razão. Fizemos um grande feito em abril e com todo o mérito estamos nesta eliminatória. Se tivesse que escolher uma palavra para resumir este momento seria motivação”, declarou a vimaranense. “Desde que fui convocada pela primeira vez, posso dizer que somos uma equipa mais completa, o que é bom. Aliás sinto-me mais preparada, com mais experiência e estou mais habituada à pressão de jogar por Portugal. Vai ser giro”, vaticinou Matilde, assumindo considerar-se “um elemento forte na equipa” tanto nos singulares como nos pares, variante na qual conquistou oito dos 29 troféus internacionais da carreira, sete deles celebrados em 2025 com Francisca por parceira. “Adoro jogar com a bandeira de Portugal ao peito. Estou num papel mais importante e é bom verificar essa evolução aos 21 anos”, testemunhou.

Inês Murta (Foto: ITFTennis)

“Feliz” por voltar a merecer a confiança da selecionadora para representar Portugal, tal como em abril, Inês Murta, que leva 11 anos de BJKC, sabe o que de bom tem a Seleção Nacional pela qual jogou 18 vezes. “Tem sido um ano difícil, com altos e baixos, mas estou contente com esta oportunidade. Nas últimas eliminatórias, o ponto-chave foi não pensarmos em quem estava no outro lado da rede e acho que tem vindo a resultar bastante bem. Elas são favoritas e nós vamos conseguimos ultrapassá-las. Acho que ninguém esperava que tivéssemos chegado a esta fase e aqui estamos nós”, declarou a algarvia, de 28 anos (816.ª) que, no início de 2025, regressou à competição após longa ausência para debelar lesão.

Angelina Voloshchuk (Foto: ITFTennis)


Dez anos mais nova, Angelina Voloshchuk, que atingiu a maioridade em abril, expressou em palavas o “estusiasmo” e “contentamento” por voltar à Seleção pela qual se estreou em 2024. “Vou dar o máximo”, promete a mais jovem do grupo, a viver “um ano bastante bom”, a viver o melhor ranking da carreira (470.ª) esta semana numa temporada em que os 18 anos colocaram ponto final nas restrições a menoridade e lhe permitiram competir mais. “Embora com semanas melhores do que outras, sinto-me a melhorar cada vez mais. Os torneios têm corrido bem e estou sempre a aprender, a viver novas experiências. Sinto-me confiante para o que vem a seguir”, asseverou Angelina.